Epidemiologia de campo
Embora os epidemiologistas trabalhem em ambientes de campo em vários contextos, o termo epidemiologia de campo, conforme usado neste e-Book, descreve investigações que são iniciadas em resposta especialmente a problemas urgentes de saúde pública.
Entende-se a epidemiologia de campo, como as investigações desencadeadas por problemas urgentes de saúde pública, exigindo ação rápida para conter ameaças e proteger a população. O trabalho do epidemiologista de campo, muitas vezes realizado em cenários desafiadores e em constante mudança, visa fornecer informações precisas e oportunas para orientar a tomada de decisões, como a seleção e implementação de intervenções para controlar surtos e prevenir mortes (Rasmussen e Goodman 2018; Gregg 2008).
Imagine um cenário onde doenças se espalham rapidamente, ameaçando a saúde de muitas pessoas. É nesse contexto urgente que a epidemiologia de campo entra em ação, buscando identificar a causa do problema e implementar medidas para controlá-lo o mais rápido possível.
Características que definem a epidemiologia de campo
Problemas inesperados: Surtos e epidemias surgem de forma repentina, exigindo uma resposta rápida e eficaz.
Urgência na ação: A velocidade é crucial para minimizar os danos à saúde pública.
Trabalho de campo: Os epidemiologistas precisam ir aonde o problema está, coletando dados e interagindo com as comunidades afetadas.
Investigações adaptativas: A necessidade de agir rapidamente pode limitar o escopo da investigação, exigindo flexibilidade e adaptação dos métodos de pesquisa.
Origem dos Programas de Treinamento em Epidemiologia de Campo (FETP)
Em 1951, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em Atlanta, EUA, criou o programa Serviço de Inteligência Epidemiológica (EIS) para enfrentar os desafios das doenças infecciosas no país. O EIS visava investigar, estudar e responder a essas doenças, atendendo às necessidades da população. Com o aumento da demanda por profissionais de saúde de outros países, o CDC expandiu o programa, criando o Programa de Treinamento em Epidemiologia de Campo (FETP). Atualmente, o FETP está presente em 38 países, integrando a Rede de Programas de Treinamento em Epidemiologia (Tephinet) (BRASIL 2024).
EpiSUS o FETP aos moldes do SUS
O Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do SUS (EpiSUS), implementado no Brasil em 2000, segue os moldes do FETP do CDC. Criado no âmbito da Secretaria de Vigilância em Saúde, o EpiSUS contou com recursos do Ministério da Saúde, do empréstimo do Banco Mundial (Vigisus I) e apoio do CDC. Atualmente, o programa está inserido no Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST). O EpiSUS representa um marco na formação de recursos humanos para a saúde pública brasileira. Dentro da expansão para Vigiar Internacional, o programa passou a oferecer treinamentos para profissionais que desejam contribuir na resposta a emergências de saúde pública nacionais e internacionais (BRASIL 2024).
Livro Azul: EpiSUS - Além das fronteiras
Desvendando os Mistérios da Epidemiologia