#PACOTE
#library(foreign) #para importar base em DBF
#1º. DOWNLOAD DA BASE DE DADOS
#DENGBR23.DBC e DENGBR24.DBC
#2º. DESCOMPACTAR DBC PARA DBF COM TABWIN
#3º. CARREGAR AS BASES PARA O RSTUDIO
#d24 <- read.dbf("D:/DBF/dengue/DENGBR24.DBF")
#d23total <- read.dbf("D:/DBF/dengue/DENGBR23.DBF")
#4º. FILTRAR A BASE DE 2023 A PARTIR DA SE40
#Transformar o campo em numérico
#d23$SEM_NOT <- as.numeric(as.character(d23$SEM_NOT))
#Criar uma nova base apenas com registros a partir da SE40
#d23 <- subset(d23total, SEM_NOT >= 202340)
#5º. SELECIONAR APENAS AS COLUNAS DE TRABALHO
#d24 <- subset(d24, select = c("ID_AGRAVO","DT_NOTIFIC","SEM_NOT","NU_ANO","SG_UF_NOT","ID_MUNICIP","ID_REGIONA", "ID_UNIDADE","DT_SIN_PRI","SEM_PRI","ANO_NASC","NU_IDADE_N","CS_SEXO","CS_GESTANT","CS_RACA","CS_ESCOL_N", "SG_UF","ID_MN_RESI","ID_RG_RESI","ID_PAIS","ID_OCUPA_N","CLASSI_FIN","CRITERIO"#,"EVOLUCAO","DT_OBITO","DT_ENCERRA"))
#d23 <- subset(d23a, select = c("ID_AGRAVO","DT_NOTIFIC","SEM_NOT","NU_ANO","SG_UF_NOT","ID_MUNICIP","ID_REGIONA", "ID_UNIDADE","DT_SIN_PRI","SEM_PRI","ANO_NASC","NU_IDADE_N","CS_SEXO","CS_GESTANT","CS_RACA","CS_ESCOL_N", "SG_UF","ID_MN_RESI","ID_RG_RESI","ID_PAIS","ID_OCUPA_N","CLASSI_FIN","CRITERIO"#,"EVOLUCAO","DT_OBITO","DT_ENCERRA"))
#5º. CRIAR UMA ÚNICA BASE DE DADOS COM TODOS OS REGISTROS DE 2023/2024
#d2324 <- rbind(d23, d24)
#6º. SALVAR A BASE
#save(d2324,file="d2324.RData")
DESTAQUES
INTRODUÇÃO
A análise da sazonalidade da dengue e das tendências temporais da doença requer uma compreensão das limitações dos dados disponíveis, especialmente em relação à oportunidade de digitação dos casos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).
O estudo “AVALIAÇÃO DA REPRESENTATIVIDADE, VALOR PREDITIVO POSITIVO, COMPLETITUDE E OPORTUNIDADE DO SISTEMA DE VIGILÂNCIA DA DENGUE NO BRASIL DE 2018 A 2020”, de Pacheco et al. (2021), demonstra a existência de atrasos na digitação dos casos de dengue. O estudo utiliza como parâmetro de oportunidade a digitação de 90% ou mais dos registros em um prazo de 0 a 7 dias entre a data da investigação e a data da digitação no sistema (Pacheco 2021).
A avaliação da qualidade dos dados de dengue no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) revela pontos que merecem atenção, como a oportunidade. Na análise, a autora verifica que o sistema demonstra inoportunidade tanto na investigação como na notificação dos casos de dengue. Em 2018, apenas 45% das notificações foram digitadas no sistema dentro do prazo ideal (até 8 dias após a investigação), resultando em um sistema considerado inoportuno. Considerando os atrasos desde a suspeita até o preenchimento da ficha de notificação, esses valores podem ser ainda maiores (Pacheco 2021).
Comparação com estudos anteriores: A avaliação sugere uma piora geral na oportunidade do sistema em comparação com estudos anteriores (Barbosa et al., 2015; Goto, 2015), que avaliaram o sistema de vigilância da dengue no Brasil entre 2005 e 2009 e no Paraná, respectivamente. Essa piora é preocupante, especialmente considerando os recursos significativos destinados à vigilância da dengue em comparação a outros agravos (Valle; Pimenta; da Cunha, 2015) (Pacheco 2021).
Implicações:
As limitações na qualidade dos dados de dengue no Sinan podem dificultar a tomada de decisões em saúde pública, comprometendo a eficácia das ações de vigilância e controle da doença. É fundamental investir na melhoria da oportunidade de notificação e digitação dos casos, bem como na completude das variáveis sociodemográficas, para garantir uma base de dados mais confiável e útil para o enfrentamento da dengue no Brasil.
Essa falta de oportunidade pode impactar a análise das tendências temporais da dengue, especialmente em curto prazo. Atrasos na digitação podem levar a subnotificações em determinadas semanas epidemiológicas, dificultando a identificação de surtos ou tendências de aumento de casos em tempo real.
OBJETIVOS
Geral
Analisar as tendências temporais da epidemia de dengue no Brasil, estados e municípios selecionados, entre a semana epidemiológica (SE) 40 de 2023 e a SE 14 de 2024, com o intuito de identificar padrões de sazonalidade, tendências de aumento ou redução de casos e potenciais surtos, contribuindo para a tomada de decisão em saúde pública.
Específicos
Analisar as tendências de aumento ou redução de casos de dengue ao longo do tempo, tanto no âmbito nacional como em estados e municípios selecionados, identificando possíveis variações regionais.
Comparar as tendências temporais da dengue entre diferentes estados e municípios, avaliando a heterogeneidade da epidemia no território brasileiro e identificando áreas de maior risco.
MÉTODO
Fonte de informação
Sistema: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)
Endereço: ftp://ftp.datasus.gov.br/dissemin/publicos/
Arquivos:
DENGBR23.DBC
,DENGBR24.DBC
Script para preparação da base para análise, no RStudio
Você pode copiar este script e retirar os # das funções e replicar em seu computador.
Limitações
O total de registros na base é de 3.011.954 notificações. No entanto, nesta base não constam 70.432 registros do Estado do Espírito Santo. Por este motivo, foi necessário inserir os dados manualmente para realizar a análise nacional, por UF e por Região, resultando na base nacional de 3.082.114 casos prováveis no período da SE40/2023 a SE14/2024.
Variáveis utilizadas
variable.names(d2324)
[1] "ID_AGRAVO" "DT_NOTIFIC" "SEM_NOT" "NU_ANO" "SG_UF_NOT"
[6] "ID_MUNICIP" "ID_REGIONA" "ID_UNIDADE" "DT_SIN_PRI" "SEM_PRI"
[11] "ANO_NASC" "NU_IDADE_N" "CS_SEXO" "CS_GESTANT" "CS_RACA"
[16] "CS_ESCOL_N" "SG_UF" "ID_MN_RESI" "ID_RG_RESI" "ID_PAIS"
[21] "ID_OCUPA_N" "CLASSI_FIN" "CRITERIO" "EVOLUCAO" "DT_OBITO"
[26] "DT_ENCERRA" "FX_ETARIA" "SG_REG" "CASO"
Programas utilizados nas análises
RStudio - Versão: 2023.12.1+402 “Ocean Storm” Release (4da58325ffcff29d157d9264087d4b1ab27f7204, 2024-01-28) for windows
TabWin - Versão: 4.1.5 - 32 bits - 03/08/2018
Microsoft® Excel® para Microsoft 365 MSO (Versão 2402 Build 16.0.17328.20124) 64 bits
RESULTADOS
Análise nacional
A análise da sazonalidade da dengue para o período 2023/2024, considerando a semana epidemiológica (SE) 40 de 2023 como ponto de partida, utilizou a base de dados d2324.RData, que contém informações sobre casos prováveis da doença.
Características da base de dados:
Período de análise: 01/10/2023 a 06/04/2024 (SE 40/2023 a SE 14/2024) Total de registros: 3.011.954 casos prováveis
Registros do Espírito Santo: 70.432 casos digitados manualmente
Total de casos após inclusão dos dados do ES: 3.082.114 casos prováveis
Observações: A escolha da SE 40 como início da sazonalidade está alinhada com a observação de que a primavera, que geralmente marca o início do aumento dos casos de dengue, teve início na SE 38. A inclusão dos dados do Espírito Santo, digitados manualmente, é importante para garantir a representatividade da análise em nível nacional, por Unidade Federativa (UF) e por Região.
SE 40/2023 a SE 52/2023: Foram contabilizados 157.920 casos prováveis de dengue, considerando os casos do Espírito Santo digitados manualmente.
SE 01/2024 a SE 14/2024: Foram registrados 2.924.194 casos prováveis de dengue, considerando os casos do Espírito Santo digitados manualmente.
Para garantir maior precisão na análise, optou-se por excluir o intervalo correspondente às semanas epidemiológicas 13 e 14. Observa-se na figura 1 que a flutuação entre as SE 12 e 13 não é consistente com os dados históricos, que não indicam uma redução tão acentuada de casos como a apresentada nesse período. Esse padrão está alinhado com estudos que apontam que cerca de 45% dos registros levam mais de 8 dias para serem inseridos no sistema (Figura 1).
Figura 1. Distribuição de casos prováveis de dengue no Brasil entre SE40/2023 a SE14/2024, comparando o total de registros existentes na base pública em 11/04 (verde) em comparação com os dados atuais do Painel dengue em 15/04 (azul).
Recomenda-se cautela ao interpretar a tendência das duas últimas semanas como uma diminuição no número de casos, visto que essa conclusão ainda não pode ser estabelecida de forma definitiva. Embora possa ser uma possibilidade, é precoce fazer tal afirmação com base nos dados atuais. É mais plausível que estejamos alcançando um nível de estabilização nacional, com variações semanais que oscilam entre 1% e 10% em comparação à semana imediatamente anterior (Figura 2).
A análise dos dados indica uma variação nas semanas epidemiológicas 10, 11 e 12. Na base de dados de 11 de abril, a variação foi de 4%, 1% e 0%, conforme ilustrado na Figura 1B. No entanto, no painel atualizado em 15 de abril, que inclui dados do final de semana e informações digitadas retroativamente das semanas anteriores, observa-se uma variação de 2%, 2% e -1%, como mostrado na Figura 1A.
Essa discrepância sugere que os dados mais recentes podem refletir uma correção ou atualização que altera a percepção da tendência. É importante considerar essas variações ao realizar análises longitudinais e ao interpretar o comportamento das séries temporais, pois elas podem influenciar as conclusões sobre a progressão e o controle da situação epidemiológica. A inclusão de dados retroativos é uma prática comum em epidemiologia para garantir a precisão e a integridade das informações.
Figura 2. BRASIL - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
ANÁLISE DO PADRÃO DA REGIÃO NORTE
Na sazonalidade 2023/2024 verifica-se que a região atingiu o pico entre as semanas epidemiológicas 9 e 10 (Figura 3).
Figura 3. REGIÃO NORTE: Distribuição de casos prováveis por semana epidemiológica (SE40/2023 a SE14/2024).
A região Norte do Brasil apresenta um padrão sazonal de dengue distinto das demais regiões do país. Devido ao clima equatorial úmido, caracterizado por altas temperaturas e chuvas abundantes ao longo do ano, a transmissão da dengue ocorre de forma mais constante, com menos variação entre as estações (Figura 4).
O inverno amazônico, caracterizado por estação chuvosa, que geralmente ocorre entre os meses de dezembro e maio, há um aumento significativo nos casos de dengue. As altas temperaturas e a umidade favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Além disso, o desmatamento e a urbanização acelerada na região podem contribuir para a disseminação do vírus, uma vez que esses fatores criam ambientes propícios para a reprodução do mosquito. Durante o período seco, entre junho e novembro, os casos tendem a diminuir devido à redução das condições favoráveis ao vetor.
Figura 4. REGIÃO NORTE - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
ANÁLISE DO PADRÃO DA REGIÃO NORDESTE
O padrão sazonal da dengue na região Nordeste do Brasil está intimamente ligado às suas características climáticas. A região, conhecida por seu clima tropical quente e úmido, experimenta um aumento nos casos de dengue durante e após o período chuvoso, que geralmente ocorre entre fevereiro e maio. As chuvas criam ambientes aquáticos estagnados, ideais para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Além disso, as temperaturas elevadas aceleram o ciclo de vida do mosquito, aumentando a transmissão do vírus. No entanto, durante a estação seca, que vai de junho a janeiro, há uma diminuição natural na incidência da dengue devido à escassez de criadouros. Este padrão cíclico de aumento e diminuição dos casos de dengue está diretamente relacionado ao regime de chuvas e às temperaturas da região.
Considerando o padrão observado na Figura 5, verifica-se uma tendência de aumento de casos entre as semanas 11 e 12. Esse padrão está em linha com a histórica tendência de crescimento no número de casos. Ou seja, a região está apresentando um crescimento nos casos de dengue. Apesar de a magnitude ser inferior à observada em outras regiões, isso não significa que não possa surpreender. Portanto, é recomendável redobrar a atenção para esta região, especialmente considerando que enfrentou epidemias importantes de dengue, chikungunya e zika.
Figura 5. REGIÃO NORDESTE: Distribuição de casos prováveis por semana epidemiológica (SE40/2023 a SE14/2024).
A análise da variação semanal demonstra que a tendência é de crescimento (Figura 6).
Figura 6. REGIÃO NORDESTE - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
ANÁLISE DO PADRÃO DA REGIÃO SUDESTE
Na região Sudeste do Brasil, o padrão sazonal da dengue está fortemente associado às suas características climáticas. A região, que inclui os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo, geralmente experimenta um aumento nos casos de dengue durante o verão, quando as condições de calor e umidade são ideais para a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Durante este período, as chuvas são mais frequentes e intensas, criando ambientes propícios para a reprodução do vetor da doença.
Observou-se que na Semana Epidemiológica 09 de 2024, a região Sudeste apresentou um alto coeficiente de incidência de dengue, seguindo o Centro-Oeste (Figura 7). Além disso, a região enfrentou um pico de casos de dengue no início de 2024, superando os números observados em 2023. Esses dados ressaltam a importância de medidas preventivas e de controle do vetor, especialmente entre julho e novembro de cada ano.
Figura 7. REGIÃO SUDESTE: Distribuição de casos prováveis por semana epidemiológica (SE40/2023 a SE14/2024).
A variação sazonal da região sudeste apresenta uma pequena variação positiva ainda com tendência de aumento, observado na semana epidemiológica 12 (Figura 8).
Figura 8. REGIÃO SUDESTE - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
ANÁLISE DO PADRÃO DA REGIÃO SUL
A região Sul do Brasil historicamente apresentava um padrão sazonal de dengue menos intenso em comparação com as demais regiões do país. Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul registravam casos esporádicos da doença, com picos de transmissão durante os meses mais quentes e chuvosos do verão. No entanto, nas últimas décadas, esse cenário vem se modificando, principalmente no Paraná, que passou a enfrentar epidemias de dengue com maior frequência e magnitude.
Paraná (PR): historicamente registra a maior magnitude de casos de dengue na região Sul. Durante os verões, especialmente entre dezembro e março, o estado enfrenta surtos intensos da doença. As altas temperaturas e as chuvas favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Atualmente: O Paraná continua sendo um dos estados mais afetados pela dengue, embora a magnitude dos casos possa variar de ano para ano. A vigilância e o controle são essenciais para mitigar os impactos da doença.
Santa Catarina (SC): até a última década, não enfrentava epidemias significativas de dengue. No entanto, a situação mudou nos últimos anos, com um aumento gradual nos casos. Atualmente o estado está enfrentando desafios crescentes em relação à dengue. A sazonalidade ainda segue o padrão de verão, mas a magnitude dos casos está aumentando. É fundamental manter a vigilância e ações preventivas.
Rio Grande do Sul (RS): também não era tradicionalmente um foco de dengue. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento nos casos. Atualmente, o RS está enfrentando epidemias de dengue, especialmente durante os meses mais quentes.
O gráfico de incidência de dengue em 2024 mostra um aumento nas semanas epidemiológicas iniciais, com um pico na SE 09. Em comparação com 2023 os números de 2024 superaram o pico máximo observado em 2023, indicando uma tendência preocupante. A região Sul, como um todo, está enfrentando um aumento nos casos, e a vigilância deve ser intensificada (Figura 9).
Figura 9. REGIÃO SUL: Distribuição de casos prováveis por semana epidemiológica (SE40/2023 a SE14/2024).
A análise da variação semanal demonstra que a região ainda apresenta tendência importante de aumento de casos (Figura 10).
Em resumo, o padrão sazonal da dengue na região Sul está evoluindo, com Santa Catarina e Rio Grande do Sul enfrentando desafios crescentes. O Paraná, embora historicamente com maior magnitude, também precisa manter a vigilância para evitar surtos intensos. Ações coordenadas e estratégias de controle são essenciais para enfrentar essa doença transmitida pelo Aedes aegypti.
Figura 10. REGIÃO SUL - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
ANÁLISE DO PADRÃO DA REGIÃO CENTRO-OESTE
A região Centro-Oeste do Brasil apresenta um padrão sazonal de dengue bem definido, com picos de transmissão durante a estação chuvosa, que geralmente ocorre entre os meses de outubro e abril. As altas temperaturas e a elevada umidade relativa do ar, características do clima tropical da região, criam condições ideais para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Além disso, a intensa atividade agrícola na região, com a presença de grandes áreas de irrigação, pode contribuir para a formação de criadouros do mosquito. Nos últimos anos, a região Centro-Oeste tem enfrentado epidemias de dengue com grande magnitude, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas.
Esta é a sazonalidade de maior mortalidade da história da região. Segundo os dados, sugere-se que o pico da doença tenha ocorrido na semana epidemiológica 08 (Figura 11).
Figura 11. REGIÃO CENTRO-OESTE: Distribuição de casos prováveis por semana epidemiológica (SE40/2023 a SE14/2024).
A variação semanal corrobora com a tendência de queda a partir da semana 9, com redução de 6% em relação à semana anterior e mantendo-se nas semanas 10, 11 e 12 (Figura 12).
Figura 12. REGIÃO CENTRO-OESTE - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
ANÁLISE DO PADRÃO POR ESTADO E DISTRITO FEDERAL
Na cartografia, a escala representa a relação entre a distância no mapa e a distância correspondente no terreno real. É importante entender que a escala funciona de forma inversa ao denominador: quanto maior o denominador, menor a escala do mapa. Por exemplo, um mapa com escala 1:250.000 mostra uma área muito maior e com menos detalhes do que um mapa com escala 1:5.000. Portanto, quando nos referimos a um mapa de “grande escala”, significa que ele apresenta um alto nível de detalhe, abrangendo uma área menor do terreno.
Considerando esta premissa da cartografia, avaliar o padrão de dengue por Estado é melhor que por região ou nacional, pois as características locais influenciam muito a ocorrência. No entanto, esta dimensão espacial ainda é limitada. Deste modo, apesar destes aspectos, podemos observar que, nas regiões ainda há tendência de aumento (Figura 13):
Região norte: Estado do Amazona (1%)
Região nordeste: Estados do Maranhão (21%), Rio Grande do Norte (10%), Paraíba (16%), Alagoas (20%).
Região sudeste: Estado de São Paulo (14%).
Região sul: Estados do Paraná (7%), Santa Catarina (17%) e Rio Grande do Sul (12%)
Região centro-oeste: Estado do Mato Grosso do Sul (8%).
Figura 13. REGIÃO POR ESTADO E DISTRITO FEDERAL - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
ANÁLISE DO PADRÃO POR PORTE POPULACIONAL
Na análise consolidada do total de casos por porte populacional, verifica-se que os municípios com menos de 10 mil habitantes apresentam tendência de aumento no número de casos (Figura 14).
Figura 14. MUNICÍPIOS COM <10mil (836-9.999 habitantes) - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
Em municípios com 10 a 20 mil habitantes a tendência de aumento é maior que municípios menos populosos. A tendência é de 5% de aumento (Figura 15).
Figura 15. MUNICÍPIOS COM 10-20mil (10.000-19.999 habitantes) - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
Por outro lado, os municípios com 20 a 50 mil habitantes apresentam tendência de estabilização de casos (Figura 16).
Figura 16. MUNICÍPIOS COM 20-50mil (20.000-49.999 habitantes) - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
Municipios de porte médio, com 50 a 100 mil habitantes apresentam variação positiva com aumento de casos (Figura 17).
Figura 17. MUNICÍPIOS COM 50-100mil (50.000-99.999 habitantes) - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
Os municípios de 100 a 200 mil habitantes apresentam tendência de queda (Figura 18).
Figura 18. MUNICÍPIOS COM 100-200mil (100.000-199.999 habitantes) - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
Os municípios com 200 a 500 mil habitantes apresentam tendência leve de queda (Figura 19).
Figura 19. MUNICÍPIOS COM 200-500mil (200.000-499.999 habitantes) - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
Os maiores municípios apresentam tendência de aumento ainda persistente (Figura 20).
Figura 20. MUNICÍPIOS COM >500mil (500.999 a 12.200.180 habitantes) - Variação semanal do número de casos entre as semanas epidemiológicas, a partir da SE40/2023 até SE12/2024. Dados atualizados até 06/04/2024*
Na planilha abaixo disponibilizo os dados de casos e variação semanal por município, para consulta.
Acesse a planilha com o total de casos e a variação por município e por porte populacional
DISCUSSÃO
A transição do inverno para a primavera no ano de 2023 foi marcada por várias características ambientais significativas.
Em relação à pluviosidade, a primavera de 2023, que começou no dia 23 de setembro, foi um período de transição entre as estações seca e chuvosa no setor central do Brasil. Houve um processo de convergência de umidade vinda da Amazônia, o que definiu a qualidade do período chuvoso sobre as regiões Centro-Oeste e Sudeste e em parte do centro-sul da Região Norte. No entanto, os acumulados de precipitação no norte da Região Nordeste foram inferiores a 100 milímetros, especialmente no norte do Piauí e noroeste do Ceará.
Nas características de umidade, verificou-se uma convergência principalmente devido ao fenômeno El Niño, que persistiu com anomalias de temperatura da superfície do mar maiores que 0,5°C desde junho de 2023. Isso influenciou o padrão de umidade em várias regiões, com a previsão climática indicando condições favoráveis para o predomínio de chuva abaixo da média climatológica em grande parte da Região Norte.
As temperaturas foram mais elevadas em grande parte da Região Norte, interior da Região Nordeste e em alguns pontos da parte central do Brasil. A primavera se caracterizou pelo aumento geral das temperaturas, com dias mais quentes e diminuição dos dias frios conforme a estação avançava.
Alguns eventos climáticos destacaram, e os primeiros episódios da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) puderam ocorrer durante a primavera, trazendo chuva para o Sudeste, Centro-Oeste, Acre e Rondônia1. Na Região Sul, ocorreram episódios de Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), associados à ocorrência de chuvas fortes, rajadas de vento, descargas atmosféricas e eventual granizo.
Essas características refletem a complexidade e a variabilidade do clima brasileiro durante a transição de estações, influenciadas por fenômenos climáticos como o El Niño e padrões de convergência de umidade. A primavera é uma estação crucial para o início da sazonalidade da dengue e também para a preparação de estratégias de preparação e resposta às arboviroses urbanas (Dengue, Chikungunya e Zika) e silvestres (Febre Amarela), além de outras de importância para a saúde pública como Oropouche, Mayaro, Febre do Oeste do Nilo.